Mesa redonda "Mulheres em STEM: para além da representatividade"

Em comemoração ao Dia da Mulher nas Engenharias, a UFABC sediou, no dia 23 de junho, uma mesa redonda dedicada a refletir sobre a presença e os desafios das mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). O evento foi organizado pelo Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia, com apoio da UFABC, da Pró-Reitoria de Extensão da coordenação do Bacharelado em Ciência e Tecnologia e do curso de Engenharia Aeroespacial e de entidades estudantis ligadas ao setor, e fez parte da programação preparatória do I Seminário Internacional Gênero em Disputa.
Participaram da mesa a professora Caroline Pires Alavez Moraes, doutora em engenharia da informação e pesquisadora nas áreas de aprendizado de máquina e sinais biomédicos; Thais Cardoso Franco, engenheira aeroespacial e CEO da Quasar Space, com experiência em missões espaciais e inovação em DeepTech; e Heloise Assis Fazzolari, a primeira egressa da UFABC a se tornar docente da própria instituição, com atuação nas áreas de automação e ensino de engenharia. A mediação ficou por conta da professora Bruna Niccoli Ramirez, pesquisadora em materiais para o setor aeroespacial e docente do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da universidade.
As participantes compartilharam experiências pessoais de entrada nas engenharias, muitas vezes marcadas por influências de professores e professoras que perceberam seu potencial nas ciências exatas ainda na educação básica, e relataram os desafios enfrentados ao longo da trajetória acadêmica e profissional.
Foi comum o relato de que, durante a graduação, eram frequentemente as únicas mulheres nas salas de aula. No ambiente profissional, situações de discriminação de gênero se tornaram ainda mais explícitas. Entre os temas levantados, destacaram-se a vivência da solidão feminina em cursos majoritariamente masculinos, o enfrentamento cotidiano ao preconceito de gênero, ao assédio e às micro agressões, os obstáculos enfrentados durante processos seletivos e no ambiente de trabalho e a invisibilidade de trajetórias femininas mesmo em contextos de alta qualificação técnica.
Enfatizou-se a importância de políticas públicas que não se limitem à equidade salarial, mas que envolvam estruturas de cuidado compartilhado e incentivos para que empresas e instituições de ensino implementem práticas mais inclusivas, com critérios de avaliação mais justos e ambientes de trabalho respeitosos e diversos.
No campo empresarial, nota-se a urgência de incorporar a equidade de gênero como valor central nas organizações. A experiência da Quasar Space foi citada como exemplo de iniciativa comprometida com processos seletivos isonômicos e igualdade salarial, sem distinção de gênero, mostrando que práticas equitativas são plenamente compatíveis com inovação e excelência técnica.
Apesar dos desafios enfrentados, as trajetórias das palestrantes são exemplos de resistência e superação, capazes de inspirar novas gerações de mulheres nas áreas de STEM. A mesa representou um importante espaço de escuta e construção coletiva, reafirmando o compromisso da universidade pública com para com a sociedade.
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