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Exibição do filme Reconstruindo a História, com Cacica Jaqueline Haywã

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No dia 17 de abril de 2025, o Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia (NEG/UFABC) recebeu a visita de Jaqueline Haywã, cacica do povo Pataxó Hã Hã Hãe, para um evento que marcou a exibição do documentário Reconstruindo a História, seguido de uma mesa de conversa com a liderança indígena. O evento, realizado no campus São Bernardo da UFABC, contou com a presença de estudantes, docentes e membros da comunidade, que puderam conhecer mais sobre a trajetória de Jaqueline e as questões enfrentadas pelos povos indígenas.

O documentário, produzido por Flávio Marin, retrata a vida e os desafios de Jaqueline, que, além de ser professora, escritora, mãe de Brenda e membro do Conselho da Promoção da Igualdade Racial de Ribeirão Pires, é uma figura central na luta pelos direitos e visibilidade dos povos indígenas. O filme abordou aspectos da sua história pessoal, como a perda precoce de sua mãe e a complexa relação com sua identidade indígena, marcada por experiências de invisibilidade e preconceito. Ao longo do documentário, Jaqueline refletiu sobre o significado de ser indígena, especialmente em contextos onde essa identidade é negada ou distorcida.

Durante a conversa que seguiu a exibição, Jaqueline discutiu as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas, como a falta de material didático nas escolas e a resistência do sistema educacional em aceitar narrativas indígenas autênticas. Ela mencionou que, apesar de ter escrito dois livros sobre a realidade indígena, enfrentou a dificuldade de ver sua história reconhecida pelas grandes editoras, que frequentemente preferem tratar de lendas a abordar as realidades vividas pelos povos originários.

Em sua fala, Jaqueline destacou a importância de se falar sobre a realidade dos povos indígenas, afirmando: "Quando se fala de povos indígenas, precisa-se falar da realidade, não das lendas". Ela também abordou o contexto de sua aldeia, onde, ao contrário de muitos lugares, questões de gênero e identidade sexual são vistas de maneira inclusiva, sem preconceito. Em sua aldeia, todos, independentemente de sua idade, gênero ou identidade, têm o direito de ocupar espaços de liderança.

A cacica também enfatizou a luta pela visibilidade indígena, mencionando suas ações em busca de reconhecimento e respeito, como a participação em reuniões com o Ministério Público e com outros líderes indígenas para garantir que as questões indígenas sejam adequadamente tratadas em políticas públicas e na educação. Ela falou sobre os desafios da autodeclaração indígena e a necessidade de maior apoio institucional, incluindo a criação de centros culturais indígenas e o reconhecimento da presença indígena nas cidades e nas escolas.

O evento foi uma oportunidade significativa para refletir sobre as questões atuais enfrentadas pelos povos indígenas, e para reconhecer o papel fundamental de líderes como Jaqueline, que, com coragem e determinação, continuam a abrir caminhos para um futuro mais justo e respeitoso com as culturas originárias.

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