Núcleo de Estudos de Gênero realiza rádio aberta sobre aborto e justiça reprodutiva
No dia 27 de setembro, o Núcleo de Estudos de Gênero Esperança Garcia (NEG) e o Movimento de Mulheres Olga Benário organizaram uma rádio aberta para discutir aborto e justiça reprodutiva. O evento ocorreu no campus de São Bernardo da Universidade Federal do ABC e contou com a participação de Cássia Carlos, idealizadora da ONG Proleg, Lai Oliveira do Ibrat ABC, da cientista social e teóloga Priscila Kikuchi, e Amanda Bispo, coordenadora regional do Movimento de Mulheres Olga Benário.
O debate centrou-se na legalização do aborto para conquista da justiça reprodutiva, nas religiões como espaços de acolhimento e de segurança e na autonomia pelo direito ao próprio corpo: “Grande parte das pessoas que precisam realizar aborto são pessoas que sofreram algum tipo de violência - as mulheres lésbicas e trans masculinos, por exemplo, através de estupros corretivos - mas também precisamos olhar pela via da autonomia - as pessoas devem ter direito ao seu próprio corpo e essa é uma reivindicação legítima”, resume Jéssica Germine, doutoranda em Ciências Humanas e Sociais na UFABC.
Outra questão abordada foi que, mesmo nos casos em que o aborto é legalizado no Brasil, há dificuldades e constrangimentos para alcance de tal instrumento: “A legalização ajudaria também que essas pessoas tivessem acesso sem precisar passar por humilhações, violências e novas vitimizações”. Para Germine, este é um ponto que diz respeito à proteção da infância e da juventude: “Menores de 14 anos já têm direito ao aborto legal porque praticar ato sexual com crianças é estupro de vulnerável. Mesmo assim, todos os anos milhares de crianças gestam e se tornam mães no Brasil pela dificuldade de conseguir acessar o aborto legal”.
Com inspiração na experiência de militantes feministas argentinas, essa foi a segunda vez que o NEG realizou uma rádio aberta na Universidade. O intuito é promover a ocupação dos espaços com música, debate e microfone aberto para ampliar o diálogo sobre o acesso ao aborto e a luta pela justiça reprodutiva no Brasil e na América Latina. Ao longo de 2023, o grupo já havia organizado outras atividades sobre a temática: entrevista com a deputada Sâmia Bomfim, aula com docente Alberto Canseco, conversa com a ativista Dahiana Belfiori, palestra com Yarlenis Malfrán sobre biopolíticas reprodutivas em Cuba, além de cine debates.
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