O estudo piloto de monitoramento epidemiológico do esgoto sanitário teve início em junho de 2020 e foi proposto para atender a necessidade de rastrear e antecipar a dinâmica de propagação da infecção por covid-19 (Sars-cov-2), apoiando os gestores públicos na elaboração de medidas de contenção.

Os resultados das análises começaram a ser utilizados para avaliar indiretamente o aumento ou a diminuição da carga viral de COVID-19 dessa população, identificar pontos críticos e criar um Sistema de Alerta Precoce (SAP) para alertar as comunidades, rastrear a propagação e direcionar ações de enfrentamento à pandemia.

Pacientes com COVID-19 (sintomáticos e assintomáticos) eliminam partes do vírus nas fezes antes mesmo do aparecimento dos sintomas e por dias após o desaparecimento de todos os sintomas da doença. Por isso, é possível averiguar a presença do SARS-CoV-2 e suas variantes no sistema de esgotamento sanitário: poços de visita (PV), estações elevatórias de esgoto (EEE) e na entrada das estações de tratamento de esgoto (ETEs).

Os pontos monitorados, distribuídos em diferentes locais de Santo André, São Caetano, Mauá e Diadema, integram uma das regiões mais urbanizadas e populosas do país, abrangendo uma população de 570 até 1,6 milhões de habitantes. O monitoramento realizado semanalmente possibilitou prever eventos de aumento e queda de casos da COVID-19 com aproximadamente 14 dias de antecedência, tempo suficiente para as autoridades locais direcionarem ações de controle para as áreas afetadas, como, por exemplo, aumentar estratégias de testagem e preparar a infraestrutura de saúde no local.

Atualmente, nosso grupo faz parte da REMONAR, uma rede nacional de pesquisadores que atuam em conjunto a fim de integrar e promover a produção e divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos nas ações de vigilância epidemiológica baseadas no monitoramento de águas residuais, como alternativa de detecção precoce de surtos virais.